12° Domingo do Tempo Comum, Ano A







Roteiro Homilético 7: Exegese


Roteiro Homilético 9: Padre Françoá Costa





Roteiro Homilético 13: Antônio Pagóla

12° Domingo do Tempo Comum, Ano A 12


Roteiro Homilético 12: Ordem do Carmo Portugual
http://www.ordem-do-carmo.pt/index.php/lectio-divina.html

Muitas vezes temos que assumir falhas e enfrentar dificuldades em várias circunstâncias da vida e por vários motivos. Isso nos traz sensação de insegurança. Ficamos perplexos e até não sabemos o que fazer. Há quem fuja de tomar decisão, compromisso ou responder a convites ou mesmo responsabilizar-se por atitudes ou falhas, partindo para válvulas de escape.  Surgem daí atitudes irresponsáveis, não se assumindo obrigações de ofício ou responsabilidades devidas, como o pagamento de dívidas e outras vicissitudes.

A precaução e a defesa pessoal são próprias de quem se coloca em proteção de sua pessoa. Mas, a defesa pessoal deve ser proporcional aos valores vivenciados da ética e da responsabilidade moral perante os fatos e até os delitos, mesmo não sendo dolosos. A melhor forma de defesa é a que promove a verdade e a honra pessoal, que não pode estar sediada na falsidade. Mesmo com o receio da punição, quem tem altivez moral supera o medo e mostra a grandeza de caráter, sabendo rever-se para melhorar a própria conduta, com a humildade de assumir o passado com vontade de acertar melhor o próprio comportamento. Então se  convive com mais dignidade em relação aos outros. Trabalhar para diminuir a pena em relação aos erros não significa falsear a verdade dos mesmos. Até a ação advocatícia não pode ser a de inocentar quem é delituoso e sim de  proteger seus direitos e diminuir sua  pena dentro da ética e da lei.

Quem não teme nem falseia a verdade supera o medo do castigo com a atitude e coerência de se apresentar como pessoa de bem e de convivência na honestidade. A falta de penalização promove a delituosidade de modo progressivo. A correção da pena é pedagógica e necessária, mesmo para pequenos delitos.

Apesar de o medo ser próprio de quem vive o fator emocional humano, a fé ajuda até o equilíbrio emocional diante de fatores de risco e insegurança. O profeta Jeremias lembra que os perseguidores enganosos não terão vez diante de Deus, que “salvou a vida de um pobre homem das mãos dos maus” (Jeremias20,13). Mesmo se o ser humano não tem misericórdia, Deus, no entanto, mostra porque veio, assumindo nossa natureza humana, justamente para nos dar vida nova. Mesmo nas maiores falhas Ele mostra a necessidade de mudança. Basta assumirmos nossos erros, querendo colocar todo o esforço para superá-los. Assim Ele está disposto a nos perdoar. A parábola do filho pródigo é de grande ensinamento sobre isso.

O maior medo que devemos ter é o de quem  possa nos roubar o que nos leva ao objetivo maior da vida, que é a da salvação eterna. Mas a vida presente é muito importante para isso. Se quisermos misericórdia, temos também de ser misericordiosos e lutarmos para superar todo mecanismo de morte e agressão à vida. Quando damos de nós pela promoção da vida na convivência humana e com a natureza, superamos qualquer medo, pois ninguém vai nos roubar ou impedir a vida de doação, que é base para a consecução da vida eterna prometida por Aquele que ressuscitou dentro os mortos!




12° Domingo do Tempo Comum, Ano A 11

 Roteiro Homilético 11: Pe. Franclim Pacheco Diocese de Aveiro
No domingo passado, a página do evangelho ensinava-nos que Jesus envia os discípulos de todos os tempos a «evangelizar», dizendo o que Ele dizia e fazendo o que Ele fazia… deixando, assim, que Ele continue a dizer e a agir através deles.
«O que vos digo à escuras… pregai-o sobre os telhados». Jesus quer transmitir-nos uma certeza que está presente no seu coração: todos os homens têm necessidade absoluta do evangelho. A revelação de Deus Pai que, através do Filho, chama todos a serem felizes com a sua própria felicidade, era feita por Jesus a todos mas depois ele explicava-a aos seus discípulos de maneira mais esmiuçada e num longo caminho educativo.Tudo o que eles escutaram, apreenderam e viveram na relação com Ele, é uma experiência tão rica que não pode permanecer dentro do seu grupo, para uso e consumo próprio, mas todos os homens devem ser participantes disso, todos devem sabê-lo, a mensagem de Jesus devem chegar a todos. Para atingir este fim, os discípulos devem recorrer a todos os expedientes, de todos os meios: desde a palavra escrita aos instrumentos mais variados e poderosos de comunicação. Um anúncio público que não pode descuidar nenhuma pessoa, nenhuma idade, nenhuma categoria. Um anúncio que proclame todas as palavras de Jesus todos os aspectos da Revelação, sem atender aos gostos pessoas de quem anuncia ou de quem escuta.
No texto imediatamente anterior a este (vv. 16-25) Jesus anunciou abertamente as perseguições contra os discípulos enviados em missão. Por isso, encoraja-os: «Não temais». É um dos imperativos mais frequentes na Bíblia, sempre na boca de Deus no seu contacto com uma pessoa ou um grupo. Ao homem habituado a conviver com o medo, a deixar-se ficar prisioneiro do medo, Deus oferece a certeza da sua presença.
Jesus retoma insistentemente esta exortação divina e, neste caso, apresenta alguns motivos para que os seus discípulos não temam. Em primeiro lugar, a palavra de Jesus, mesmo confiada a poucos, irá desenvolver-se como a semente duma árvore (cf. Mt 13,31-32). O próprio Deus se encarregará de dar a conhecer e difundir a revelação de Jesus: é este o sentido dos dois passivos (ser revelado, ser conhecido, por Deus).
Em segundo lugar, Jesus não promete aos discípulos poupá-los dos males que temem. Mas quer abrir-lhes aos olhos: onde estão o verdadeiro bem e o verdadeiro mal? A vida terrena não é o maior bem, tal como a morte não é o maior mal. O verdadeiro bem é a vida eterna e o verdadeiro mal é ser privado de Deus. É este o sentido da expressão «temei antes a Deus» (isto é, reconhecê-lo, amá-lo, fazer a sua vontade). Deus é infinitamente mais poderoso que os perseguidores e é d’Ele que depende o nosso destino definitivo, a vida eterna ou a ruína eterna.
«Todo aquele que se declarar…». O martírio (= testemunho) é a forma mais elevada de anúncio. Porém, nós podemos dar à nossa vida, todos os dias, a dimensão do «martírio» quando realizamos todos os gestos na radicalidade do amor a Deus e ao próximo.
O terceiro motivo sobre o qual Jesus assenta a exortação a pôr de parte o temor é o amor paterno e providente de Deus por cada um dos seus filhos. Deus cuida de todas as criaturas até mesmo do mais simples pássaro. Cada um dos seus filhos é precioso a seus olhos, como são preciosos os seus sofrimentos e o seu empenhamento em se manterem fiéis.



12° Domingo do Tempo Comum, Ano A 10


Roteiro Homilético 10: + Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília
http://www.arquidiocesedebrasilia.org.br/
Na passagem do Evangelho segundo Mateus, hoje proclamada, encontramos três vezes a palavra de Jesus dirigida aos seus discípulos: “Não tenhais medo!” (Mt 10,26.28.31). A Liturgia da Palavra nos motiva a cultivar a atitude de confiança e esperança em Deus, acompanhada da fidelidade e do testemunho. Ao invés do medo dos homens, é preciso confiar em Deus e dar testemunho fiel e corajoso de Jesus Cristo. Infelizmente, há quem sente medo ou vergonha de mostrar a sua fé perante os que não creem ou não participam da Igreja. É preciso sempre tratar todas as pessoas com o devido respeito, mas jamais esconder a fé cristã.

Em meio à angústia e ao medo espalhado por muitos, o profeta Jeremias permanece fiel, colocando em Deus a sua confiança. “O Senhor está ao meu lado como forte guerreiro” (Jr 20,11), afirma ele, suplicando o auxílio divino. Por isso, Jeremias nos convida a louvar e a cantar ao Senhor que salvou a sua vida da mão dos perversos. Situação semelhante é vivida pelo Salmista, que sofre insultos por causa da sua fé em Deus, mas permanece fiel, reconhecendo o seu imenso amor pelos pobres e perseguidos. Com ele, nós suplicamos: “Atendei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor” (Sl 68). Com São Paulo, nós reconhecemos que a graça de Deus, “o dom gratuito concedido por meio de Jesus Cristo”, é muito maior do que o pecado do homem (Rm 5,12-15). Por isso, louvamos ao Senhor, na Eucaristia!

Neste domingo, celebramos o Dia Nacional do Migrante, com o tema “Migração, biomas e bem viver”, em sintonia com a Campanha da Fraternidade. Brasília foi edificada por migrantes vindos de todas as partes do Brasil, que continuam a formar a maior parte de sua população. Somos convidados a rezar e a refletir sobre a realidade dos migrantes, bem como, a desenvolver ações pessoais e comunitárias que lhes manifestem a acolhida fraterna, a solidariedade e o respeito, da comunidade cristã e de cada um.

Na próxima terça feira, 27 de junho, o Papa Francisco celebra 25 anos de ordenação episcopal. A ele, o nosso cordial agradecimento pelo ministério fecundo que tem desempenhado com generosidade e alegria. Unidos ao Santo Padre, nós bendizemos a Deus e rezamos por ele!


No sábado, 1º de julho, será realizada a ordenação de sete sacerdotes, na Catedral Metropolitana de Brasília, às 8:30 h. Nossos padres necessitam das suas orações e presença fraterna. Reze por eles e venha participar da celebração, acolhendo os novos presbíteros, com alegria e gratidão!

12° Domingo do Tempo Comum, Ano A 8

Roteiro Homilético 8: Mons. José Maria
(http://www.presbiteros.com.br/)
Viver sem medo?

Encontramos muitas pessoas com medo! Muitas vezes estamos cheios de medo. A criança tem medo do escuro e da pessoa que grita. O adolescente tem medo de si: medos inconscientes, mas dolorosos; medos que se chamam timidez, complexos de inferioridade, agressividade.

Muitos adultos vivem roídos de medo, da pior forma de medo – a angústia. Muitas vezes vivemos tremendo: medo do futuro, medo da morte, ou simplesmente do amanhã. Por medo, a pessoa se tranca dentro de seu pequeno mundo, cada vez mais se isola da sociedade. Por medo, levanta muros protetores cada vez mais altos, criam-se condomínios mais fechados e seguros… Medo da doença… do desemprego… .

Porém, Jesus no Evangelho (Mt 10, 26-33), com sua Palavra, derrama um bálsamo em nossos corações: “Não tenhais medo!” É uma espécie de refrão que ressoa nas palavras de Jesus, repetido (nesse trecho) três vezes. Antes de qualquer raciocínio, hoje deveríamos assimilar e por assim dizer acolher em nós, saboreando-lhe toda a doçura, estas palavras de Jesus: Não tenhais medo!

Todo o Evangelho, e antes ainda o Antigo Testamento, está cheio disso. A Abraão Deus diz para não ter medo, na hora mesma que o chama para fora de sua terra, para um país desconhecido. Aos profetas diz: não temas, eu estou contigo. A Maria: não temas, encontraste graça. Aos apóstolos, enviando-os ao mundo, diz: não temais diante dos tribunais e diante dos governadores. A todos os discípulos: Não temais, pequeno rebanho (Lc 12, 32).

Jesus oferece-nos as motivações, oferece-nos o verdadeiro remédio para nossos medos. Não temais – diz – aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Não temais, pois! Vós valeis mais do que os pássaros. No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade do Vosso Pai. “O Vosso Pai” – o que dizer: o que fará por vós lhe sois filhos? A revelação da PATERNIDADE de Deus e a revelação de uma vida além da morte asseguram, portanto, o convite de Jesus. Todo o medo é redimensionado no momento em que Jesus traça e revela um plano da vida humana – o plano mais verdadeiro e mais pessoal do homem – em que nada o pode prejudicar, nem quem o mata. Vós podeis nos matar, mas não podeis nos prejudicar, exclamava, dirigindo-se aos perseguidores, o mártir São Justino, nos primeiros dias da Igreja.

A raiz maligna de cada medo humano tem um nome preciso: é a morte, fruto do pecado. Jesus a venceu, expiando o pecado, todo o pecado do mundo. Venceu a morte passando pela morte e esvaziando-a de todo o veneno. A morte e a Ressurreição de Cristo são penhor de nossa vitoria, são fonte de nossa esperança e de nossa coragem: Se Deus é por nós, quem será contra nós… Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? … Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou (Rm 8, 31-37). Tribulações, angústia, perseguição e fome: a Escritura tomou conhecimento de nossos medos mais profundos, mas nos ofereceu uma saída, uma esperança de vitória, graças a Jesus Cristo, que nos amou e se entregou por nós (Gl 2,29).

Sem medo à vida e sem medo à morte, alegres no meio das dificuldades, esforçados e abnegados perante os obstáculos e as doenças, serenos perante um futuro incerto: o Senhor pede-nos que vivamos assim. E isto será possível se considerarmos muitas vezes ao dia que somos filhos de Deus, especialmente quando somos assaltados pela inquietação, pela perturbação e pelas sombras da vida. Está é a vitória que vence o mundo: a nossa fé (1Jo 5, 4) . E do alicerce seguro de uma fé inamovível surge uma moral de vitória que não é orgulho nem ingenuidade, mas a firmeza alegre do cristão que, apesar das suas misérias e limitações pessoais, sabe que essa vitória foi ganha por Cristo com a sua Morte na Cruz e com a sua gloriosa Ressurreição. Deus é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei? Nem ninguém, nem nada, Senhor. Tu és a segurança dos meus dias!

Nas tribulações o Senhor nos dirá: “Basta-te a minha graça” (2 Cor 12, 9).

Em todos os momentos peçamos a proteção da Virgem Maria. “Na hora do desprezo da Cruz, Nossa Senhora está lá, perto do seu Filho, decidida a correr a sua mesma sorte. – percamos o medo de nos comportarmos como cristãos responsáveis, quando isso não é cômodo no ambiente em que nos desenvolvemos: Ela nos ajudará” (São Josémaria Escrivá, Sulco, 977).




12° Domingo do Tempo Comum, Ano A 6

Roteiro Homilético 6: Roteiro
RITOS INICIAIS



Salmo 27, 8-9

ANTÍFONA DE ENTRADA: O Senhor é a força do seu povo, o baluarte salvador do seu Ungido. Salvai o vosso povo, Senhor, abençoai a vossa herança, sede o seu pastor e guia através dos tempos.



Introdução ao espírito da Celebração



O tema central da Palavra de Deus, neste domingo, é a confiança em Deus. Não devemos ter medo de nada nem de ninguém. «Não temais os que podem matar o corpo mas não matam a alma». Em Cristo encontramos toda a segurança.



ORAÇÃO COLECTA: Senhor, fazei-nos viver a cada instante no temor e no amor do vosso Santo nome, porque nunca a vossa providência abandona aqueles que formais solidamente no vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.





LITURGIA DA PALAVRA



Primeira Leitura



Monição: Jeremias tinha motivos graves para se queixar da ingratidão dos homens, mas continuava a confiar no Senhor.



Jeremias 20, 10-13

Disse Jeremias: 10«Eu ouvia as invectivas da multidão: ‘Terror por toda a parte! Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’ Todos os meus amigos esperavam que eu desse um passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele’. 11Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso, ignomínia eterna que não será esquecida. 12Senhor do Universo, que sondais o justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a essa gente, pois a Vós confiei a minha causa. 13Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos».



Este texto é uma parte duma das chamadas «confissões de Jeremias», as dolorosas lamentações do Profeta numa situação tremendamente dramática, após a morte do rei Josias; prisioneiro da paixão por Deus, que o leva ao cumprimento fiel da sua espinhosa missão profética, ele sente a repugnância instintiva do sofrimento que este desempenho lhe causa, pois isto era o pretexto para os seus adversários o acusarem de ser ele o culpado de todas as desgraças que desabavam sobre o povo, desgraças que haviam de culminar na conquista e destruição de Jerusalém por Nabucodonosor em 587 a. C. e no exílio de Babilónia. Jeremias chega ao ponto de, em dolorosos desabafos, amaldiçoar a sua vida, mas, ao mesmo tempo, mostrando uma inquebrantável confiança em Deus. Deixou-nos os mais belos textos literários que exprimem o drama da dor humana de um homem de fé. A sua notável obra encontra-se muito desordenada, sem uma sequência natural, em parte por ter sido mandada queimar pelo rei Joaquim; os seus oráculos, postos por escrito pelo seu secretário Baruc, foram recolhidos de modo muito disperso, como é fácil de verificar. As confissões de Jeremias encontram-se em: Jer 11, 18 – 12, 6; 15, 10-21; 17, 14-18; 18, 18-23; 20, 7-18.

12 «Experimentais o justo»: Deus, ao permitir que caiam males sobre os seus amigos, não quer o mal deles e nunca os abandona; mas prova-os, a fim de os purificar ainda mais, de os encher de méritos e de os tornar mais santos.



Salmo Responsorial



 Sl 68 (69), 8-10.14.17. 33-35 (R. 14c)



Monição: O Senhor atende quem confia na Sua misericórdia.



Refrão:         PELA VOSSA GRANDE MISERICÓRDIA, ATENDEI-ME, SENHOR.



Por Vós tenho suportado afrontas,

cobrindo-se meu rosto de confusão.

Tornei-me um estranho para os meus irmãos,

um desconhecido para a minha família.

Devorou-me o zelo pela vossa casa

e recaíram sobre mim os insultos contra Vós.



A Vós, Senhor, elevo a minha súplica,

no momento propício, meu Deus.

Pela vossa grande bondade, respondei-me,

em prova da vossa salvação.

Tirai-me do lamaçal, para que não me afunde,

livrai-me dos que me odeiam e do abismo das águas.



Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,

buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.

O Senhor ouve os pobres e não despreza os cativos.

Louvem-n’O o céu e a terra,

os mares e quanto neles se move.



Segunda Leitura



Monição: Em Adão herdamos as consequências do pecado. Por Cristo fomos salvos.



Romanos 5, 12-15

Irmãos: 12Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. 13De facto, até à Lei, existia o pecado no mundo. Mas o pecado não é levado em conta, se não houver lei. 14Entretanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo para aqueles que não tinham pecado por uma transgressão à semelhança de Adão, que é figura d’Aquele que havia de vir. 15Mas o dom gratuito não é como a falta. Se pelo pecado de um só pereceram muitos, com muito mais razão a graça de Deus, dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo, se concedeu com abundância a muitos homens.



Estamos diante dum texto da máxima importância para a Teologia e para a vida cristã. As controvérsias doutrinais contribuíram para que o ponto central das afirmações de Paulo se tenha feito deslocar da justificação pela graça para o pecado, e da obra salvadora de Cristo para a obra demolidora de Adão. É certo que não faria sentido falar da libertação por Cristo do pecado, da condenação e da morte, sem que estes males tivessem entrado de forma poderosa no mundo. Mas Adão não passa duma figura, por antítese, de Cristo, em virtude duma argumentação a fortiori de tipo rabínico (o chamado qal wa-hómer). Mas, ainda que, como pensam muitos exegetas, Paulo não trate directa e expressamente do tema do pecado original (só indirectamente), este texto não deixa de oferecer uma base legítima e sólida para a doutrina proposta pelo Magistério da Igreja, assim resumida no Catecismo da Igreja Católica, nº 403: «Depois de S. Paulo, a Igreja sempre ensinou que a imensa miséria que oprime os homens, e a sua inclinação para o mal e para a morte não se compreendem sem a ligação com o pecado de Adão e o facto de ele nos transmitir um pecado de que todos nascemos infectados e que é a ‘morte da alma’. A partir desta certeza de fé, a Igreja concede o Baptismo para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer pecado pessoal».



Aclamação ao Evangelho

Jo 15, 26b.27a



Monição: Só com o Espírito da verdade daremos testemunho de Cristo.



ALELUIA



O Espírito da verdade dará testemunho de Mim, diz o Senhor, e vós também dareis testemunho de Mim.





Evangelho



São Mateus 10, 26-33

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: 26«Não tenhais medo dos homens, pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a conhecer-se. 27O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados. 28Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo. 29Não se vendem dois passarinhos por uma moeda? E nem um deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai. 30Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. 31Portanto, não temais: valeis muito mais do que os passarinhos. 32A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus. 33Mas àquele que Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus».



Continuamos hoje a ter uma série de instruções e advertências de Jesus aos Apóstolos para a sua missão, que se aplicam a todos os discípulos de Cristo. As exortações desta secção (vv. 26-33) aparecem condensadas logo na frase inicial: «Não tenhais medo!», que era um lema proposto pelo inesquecível Papa João Paulo II.

26 «Não tenhais receio dos homens». Jesus ensina-nos que não devemos temer o que os homens digam de nós, murmuração ou calúnia (cf. v. 25), pois chegará um dia em que tudo vem a descobrir-se.

27 «Dizei-o em plena luz». Se o Senhor falava aos seus particularmente, isso era para vir a ser anunciado. Por sábia pedagogia divina assim actuava o Senhor, especialmente para evitar agitações populares. Mas Jesus manda que os seus Apóstolos preguem a verdade do Evangelho abertamente e a todos, com clareza e sem ambiguidades, pondo de parte uma falsa prudência humana.

28 «A perdição da alma e do corpo no Inferno». O Inferno é uma verdade de fé claramente ensinada por Jesus Cristo (cf. Mt 5, 22-29; 18, 9; Mc 9, 43.45.47; Lc 15, 5; etc.), uma verdade que a doutrina da Igreja sempre tem lembrado. O Inferno existe, um castigo eterno para os que morrem em estado de pecado mortal, de deliberada rejeição de Deus. E não é isto um sinal de menos misericórdia de Deus, pois os condenados não são capazes de arrependimento para pedir o perdão e a misericórdia divina. O Inferno é uma realidade misteriosa e é a prova da liberdade humana e de como Deus a respeita e a toma a sério.



Sugestões para a homilia

Como é insegura a confiança nos homens

Repare-se que hoje quase não se confia em ninguém.

Por um lado o homem progride em diversos campos de forma vertiginosa.

Porém, de modo paralelo, fala-se de corrupção, roubos, diversos tipos de violência, faltas de respeito pela dignidade da pessoa humana, incapacidade de assumir compromissos duráveis, etc. Pode dizer-se que o homem de hoje perdeu credibilidade.

Mas Deus criou o homem á Sua imagem e semelhança. Após a queda do homem envia Jesus Cristo para nos salvar (Segunda Leitura). O homem foi reabilitado mas continua a afastar-se de Deus. Aqui radica a sua pobreza; o seu fracasso, a sua impotência para solucionar os problemas com que se debate.

Apelo à confiança em Deus

Se o homem não confia em Deus, como pode confiar nos outros homens? Não confiando em Deus o homem perdeu o ponto de referência, para a sua conduta. O homem de hoje faz este raciocínio: – «Se não tenho de prestar contas a Deus dos meus actos, para que hei-de prestar contas aos homens»?

«Se os homens se atrevem a pedir-me contas dos meus actos, eu saberei libertar-me das malhas da lei humana, através do meu dinheiro e das minhas influências. Só os pobres são julgados e condenados».

Quando o homem não acredita que, após esta vida, terá de prestar contas a Deus, liquida tudo o que lhe dava segurança e garantia de ser feita justiça.

Meditemos, com seriedade, sobretudo nestas afirmações de Jesus:

«Não tenhais medo dos homens, porque não há nada encoberto que não venha a descobrir-se. Nada há oculto que não venha a conhecer-se».

Não temais os que matam o corpo mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar no inferno a alma e o corpo»

«Até os cabelos da vossa cabeça estão contados»

«A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens também Eu Me declararei por ele diante de meu Pai que está nos Céus.

Mas àquele que Me negar diante dos homens também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus».

De tudo isto conclui-se que o homem, queira ou não, terá de prestar contas a Deus do bem e do mal que praticar neste mundo. Sobre o homem, devemos colocar dois problemas: «De onde vens? Para onde vais?»

A Deus ninguém pode enganar.





LITURGIA EUCARÍSTICA



ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Por este sacrifício de reconciliação e de louvor, purificai, Senhor, os nossos corações, para que se tornem uma oblação agradável a vossos olhos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



SANTO



Monição da Comunhão



Sem Comunhão frequente não haverá verdadeira confiança em Deus.



Salmo 144, 15

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Os olhos de todos esperam em Vós, Senhor, e a seu tempo lhes dais o alimento.



Ou

Jo 10, 11.15

Eu sou o Bom Pastor e dou a vida pelas minhas ovelhas, diz o Senhor.



ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Senhor, que nos renovastes pela comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo, fazei que a participação nestes mistérios nos alcance a plenitude da redenção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.





RITOS FINAIS



Monição final



Vamos em paz e mostremos, com atitudes concretas, que temos uma grande confiança em Deus.



HOMILIA FERIAL



12ª SEMANA



2ª Feira, 23-VI: A medida com que julgamos e seremos julgados.

2 Reis 17, 5-8. 13-15. 18 / Mt 7, 1-5

Segundo o juízo que fizerdes é que haveis de ser julgados, e a medida que empregardes é que hão-de empregar para vós.

«A atitude tomada para com o próximo, revelará a aceitação ou a recusa da graça e do amor divino (cf. Ev)» (CIC, 678). Por isso, rezamos com frequência a Deus que perdoe as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

Os filhos de Israel não quiseram obedecer a Deus, os seus corações endureceram, deixaram de acreditar no Senhor, desprezaram os seus preceitos, bem como a Aliança estabelecida. «Então o Senhor indignou-se grandemente contra Israel e lançou-o para longe da sua presença» (Leit).

Celebração e Homilia:    ADRIANO TEIXEIRA
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO
Homilia Ferial:   NUNO ROMÃO




12° Domingo do Tempo Comum, Ano A 5

Roteiro Homilético 5: Franciscanos.org
Intrépida profissão de fé
Para ser povo sacerdotal e profético (tema de domingo passado), a Igreja deverá enfrentar a sorte dos profetas; pois morrer ou ser rejeitado pelos próprios destinatários da mensagem é uma constante na vida dos profetas. É o que ocorreu a Jeremias, embora tivesse certeza de que, em última instância, Deus estava com ele (Jr 20,10.13,1ª leitura; o salmo responsorial fala no mesmo sentido). A Igreja conhecerá perseguições, mas não deve ter medo: na tentação, Deus estará com ela. É um tema preferido de Mt, que forma a moldura de seu evangelho: “Emanuel, Deus conosco” (1,23) – “Estarei convosco até o fim do mundo” (28,20). Quando a Igreja cumprir sua missão profética, não deverá recear os que matam o corpo, pois Deus cuida até de um par de pardais (evangelho). Não estão os cabelos de nossa cabeça contados?
Por outro lado, quem confessar o Cristo diante dos homens, Cristo o confessará diante de Deus (dará um palavrinha de recomendação). Mas, quem se envergonhar por causa do Cristo, o Filho do Homem terá vergonha dele também diante do Pai. Isso aí não é uma espécie de revanche de Jesus, mas a mais pura lógica: ele veio para ser o servo e profeta da justiça, da vontade salvadora do Pai. Ele nos associou a sua obra (cf dom. passado). Então, se nós o renegamos, que fazemos da missão que ele nos confiou? Como poderíamos ainda ter parte com ele? Se ele não pode contar com nossa adesão – ainda que frágil -, nós também não podemos contar com ele, pois somos seus amigos, e amizade é recíproca por natureza.
A primeira Igreja era muito severa quanto à desistência da fé, a “apostasia”. Tinha consciência de que não se pode ser amigo pela metade, fiel um dia, outro não. Os que vacilavam eram severamente censurados e, se recaíssem, excomungados, entregues ao juízo de Deus. Por não termos bem presente a origem de nossa fé, nós já não somos mais tão exigentes; mas a amizade com Jesus continua exigente de per si, independentemente de nossa atmosfera sócio-religiosa.
A 2ª leitura – um tema à parte – será explicada no 1° dom. da Quaresma. Continua a meditação sobre a revelação da graça de Deus, que é o tema central de Rm. Na leitura de hoje, este tema chega ao auge: onde abundou o pecado, aí superabundou a graça. Tudo quanto foi lido nos domingos anteriores sobre a fé na salvação gratuita de Deus era preparação para ouvir as palavras do Apóstolo hoje: o pecado estragou tudo, não podíamos mais nada por nós mesmos, mas a graça de Deus superou tudo isso: “Se pela falta de um só todos morreram, com quanta maior profusão a graça de Deus e o dom gratuito de um só homem, Jesus Cristo, se derramaram sobre todos”.
Assim, o espírito fundamental deste domingo é de profundo reconhecimento e gratidão pela graça de Deus, manifestada no dom da vida de Jesus Cristo. Este reconhecimento nos leva a uma convicta profissão de que Jesus é o Salvador de nossa vida. E, apesar da ameaça ou escárnio que este testemunho encontra, sabemos que ele está conosco. Vivemos numa sociedade na qual testemunhar Cristo significa testemunhar a justiça, contra os que fazem do lucro seu ídolo. Desistir de testemunhar a justiça é apostasia, é ceder à idolatria. O cristão sabe que Deus deu seu Filho por ele, por mera graça.
Por isso, empenha-se para que a graça, encarnada em estruturas de justiça, afaste a desgraça dos ídolos do poder. Professa sua fé mediante a prática da transformação social em nome de Cristo e de seu Reino.
Perseguição e firmeza
Inúmeros são os que foram perseguidos e até morreram por terem defendido a justiça e a solidariedade. Quem é o profeta, é perseguido, mas, se permanece fiel à sua missão, Deus não o abandona. Quem luta  por Deus pode contar com ele (1ª leitura).
Jesus enviou seus discípulos para anunciar e implantar o Reino de Deus (cf. dom. passado). No evangelho de hoje, ensina-lhes a firmeza profética. Ensina-lhes a não ter medo daqueles que matam o corpo, mas a viver em temor diante d’Aquele que tem poder para destruir corpo e alma no inferno, o
Juiz supremo!
Há uma relação de representatividade entre Jesus e o Pai. Quem for testemunha fiel de Cristo, será por ele recomendado a Deus. Isso era válido no tempo em que o evangelho foi escrito, quando se apresentavam as perseguições e as deserções. Continua válido hoje. Se Cristo nos associa à sua obra e nós lhe somos fiéis, podemos confiar que Deus mesmo não nos deixa afundar; Jesus se responsabiliza por nós. Mas, se deixarmos de dar nosso testemunho e cedermos diante dos ídolos (poder, lucro etc), espera-nos a sorte dos ídolos: o vazio, o nada… É uma questão de opção.
Proclamar o Reino em solidariedade com Cristo significa, hoje, empenho pela justiça. Empenho colocado à prova por forças externas (perseguições, matanças de agentes pastorais sindicais) e internas (desânimo, acomodação etc.). No nosso engajamento, podemos confiar em Deus e sua providência; e por causa de Deus podemos confiar em nosso engajamento, permanecer firmes naquilo que assumimos, mesmo correndo perigo de vida – pois é melhor morrer do que desistir do sentido de nossa vida. É melhor morrer em solidariedade com Cristo, do que viver separado dele.

A mensagem principal deste evangelho, todavia, talvez não seja exortação que ele nos proporciona, mas a posição central de Jesus que ele nos ensina. É segundo nossa fé professa em Jesus ou segundo nossa negação dele que Deus nos julga. Isso não é ambição desmedida de Jesus, mas mero realismo. O caminho de Jesus nos mostra e a respeito do qual ele pede nosso testemunho, é o caminho da vida. Não podemos, diante do mundo, professar o contrário, pois então negamos diante de Deus o caminho de vida que, em Jesus, ele nos proporciona. Em outros termos, é uma questão que diz respeito a Deus, referência última do nosso viver.